sexta-feira, 24 de julho de 2009

OS MARXISMOS DO SÉCULO XX



Professor Melander

A celebração da modernidade, entendida como o conjunto de idéias oriundas do Iluminismo, modernidade esta que incita rumo à ciência e o progresso, a liberdade e a igualdade, a racionalidade e a autonomia, está presente no Manifesto Comunista de 1848 de Marx e Engels, entendendo-se que estas metas só podem ser atingidas plenamente muito além do capitalismo. Daí que o projeto político, científico e filosófico de Marx, se propunha a atingir este “além”. Marx entendia que a tarefa de superação das relações de produção capitalista estaria a cargo do movimento operário, que deveria ser suficientemente sólido e organizado para superar a ordem capitalista estabelecida.
Durante os primeiros vinte anos do século XX até a revolução “Bolchevique”, o movimento revolucionário de norte marxista parecia que de fato iria num curto prazo derrotar o capitalismo, naquilo que seria a “idade do ouro” do marxismo. Ocorreu também a introdução do marxismo nas ciências sociais, sendo Marx considerado um dos fundadores da sociologia.
Foi quando aconteceu o grande debate da sociologia contemporânea entre a teoria de Marx e a teoria de Max Weber sobre as origens do capitalismo, o papel da economia na vida social e política, classes sociais, leis de transformação social e a discussão sobre o socialismo. Foi, também, nessa época, que houve duas grandes cisões originárias destas reflexões. A primeira, de caráter político, designada de “controvérsia revisionista”, aconteceu após publicação dos artigos de Eduard Bernstein em “Die Neue Zeit” desde 1896. Bernstein apontava que o capitalismo dispunha de energia suficiente para superar suas crises, que seriam cada vez de menor intensidade, ao contrário da previsão de Marx. A segunda, de caráter epistemológico, envolveu os austro-marxistas Max Adler, Otto Bauer, Rudolf Hilferding e Karl Renner, que sob inspiração do neokantismo e positivismo de Ernst Mach, queriam transformar o marxismo numa ciência empírica, numa sociologia das sociedades capitalistas. Essa concepção foi contestada por vários teóricos, dentre os quais Gramsci e Lukacs.
Nos anos trinta e quarenta a ameaça causada pelo fascismo e capitalismo imperialista colocou em risco a existência do marxismo. O enfraquecimento do movimento socialista na Europa Ocidental, assim como o surgimento do estalinismo, foram indicativos reveladores deste processo. Nesse período, além da liquidação teórica e física de Plekanov, Bukharin, Riazanov e Trotsky pelo estalinismo, houve a duros custos a sobrevivência da reflexão austro-marxista e da Escola de Frankfurt na clandestinidade.
Nos anos cinqüenta, até aos anos setenta, o marxismo reapareceu com toda a força. A revolução chinesa, os movimentos de descolonização, a criação de novos países, a revolução cubana, o movimento estudantil da década de sessenta e a emergência de fortes partidos socialistas e comunistas, foram indicativos concretos desse reaparecimento.
No entanto, havia uma profunda crise no marxismo. A revolução húngara de 1956 e a repressão que se seguiu à invasão de tropas soviéticas, foi um marco divisório definitivo. Após os anos setenta, o marxismo foi declinando. Depois da queda do muro de Berlim e a derrocada dos regimes do bloco soviético, o marxismo praticamente desapareceu. Desapareceu? Há posições antagônicas a respeito, assim como interpretações diversas e distintas sobre a teoria marxista. Muitos consideram que o capitalismo se encontra em crise estrutural, pois a promessa contida nele de um progresso da humanidade não se cumpriu. Apesar disso, parece que não há alguma alternativa forte a ele nesse momento histórico. Por isso ele ressurgirá inexoravelmente como fonte de inspiração de futuras demandas sociais.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Marxismos do Século XX. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 17 jul 2009 a 30 jul 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Marxismos do Século XX. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 17 jul 2009 a 30 jul 2009. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/135/colunadoleitor.html#3>. Acesso em: 24 jul 2009.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL: OBRA DO PE. ANTONIL – PARTE I

Prof. Melander

No século IV aC. Xenofonte escreveu o tratado “Oikonomikos”, baseado em tradições Socráticas. Tratava-se de um diálogo filosófico com o intuito de estabelecer regras sobre a “arte de bem governar a casa”. Nesse tratado existe uma série de orientações de como o homem livre deve administrar a sua propriedade, se relacionar com os escravos e servos, com a esposa, com os filhos, etc. Aliás, o termo grego oikonomikos dá origem à palavra atual “economia”.
Essa “arte de bem governar” foi, durante a Idade Média, o padrão ideológico predominante no qual a Igreja se inspirava. Reproduzia o modelo do texto, tanto na construção formal dos seus documentos, quanto em termos éticos de como deveria ser o comportamento do Senhor Feudal em relação aos seus servos, familiares, vassalos e suseranos.
O Padre Jesuíta André João Antonil seguiu essa tradição na construção formal do seu escrito quando escreveu o livro “Cultura e Opulência do Brasil”, obra de importância transcendental para compreendermos o “sistema de engenhos de cana de açúcar”, publicada em 1711. A maneira de se escrever conforme os “antigos”, fazia parte da tradição à que nos referimos. Os Lusíadas tem o mesmo corpo de construção “poético” da Odisséia. Da mesma forma, Antonil tratava os Senhores de Engenho, de acordo com essa tradição, reconstruindo realidades da época a partir de linhas de construção de pensamento e métodos baseados na antiguidade grega, como sendo pessoas de cabedal e com capacidade de dirigir. Sugeriu os comportamentos “nobres” que eles deveriam manter com a sua família, iguais (homens livres), escravos, etc.
Essa visão, perfeitamente encaixada na ordem Estamental da Idade Média, refletia a necessidade, segundo o que percebemos na obra do autor, de regulamentar uma situação existente, ou seja, o enquadramento dos Senhores de Engenho dentro do “sistema vigente”, tornando-os passíveis da conquista da dignidade de um verdadeiro “fidalgo”.
O ponto de vista de Antonil era, possivelmente, o mesmo que na época tinham os Senhores de Engenho. Primeiro, pela notória influência cultural da Igreja, particularmente dos Jesuítas, na formação da sociedade e até das instituições do período. Segundo, pela própria condição de serem, praticamente, os únicos letrados da época, condição essa que lhes dava o monopólio da produção da ideologia dominante.
De qualquer forma, os Senhores de engenho não tinham uma vocação “capitalista” na acepção da palavra. Vinham para o Brasil com a perspectiva pessoal de enriquecimento rápido “nessa terra de mil oportunidades” e com o intuito de reforçar ou conquistar um título de nobreza. Ou seja, o objetivo era o de se acomodarem dentro do estamento social dominante.
A própria origem social deles era incerta. Sabemos que, originalmente, muitos Fidalgos despossuídos vieram para o Brasil. Na época de Antonil, muitos Jesuitas eram proprietários de Engenhos, o que revela um interesse mercantil por parte dos mesmos. E, também, cristãos novos (judeus convertidos ao cristianismo pela força ou voluntariamente). Indícios dessa rama são latentes. Até hoje, grandes famílias nordestinas pertencentes à oligarquia “terratenente” nacional, tem sobrenomes tais como: Carvalho, Silva, Cajazeira, Oliveira, etc.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura e Opulência do Brasil: Obra do Pe. Antonil – Parte I. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 jun 2009 a 02 jul 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura e Opulência do Brasil: Obra do Pe. Antonil – Parte I. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 jun 2009 a 02 jul 2009. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 27 jun 2009.

A segunda parte deste artigo pode ser acessada em: <
http://edmelander.blogspot.com/2009/07/cultura-e-opulencia-do-brasil-obra-do.html>.

CULTURA E OPULENCIA DO BRASIL: OBRA DO PE. ANTONIL – PARTE II



Prof. Melander

A adoção de sobrenomes era uma prática compulsória, pois, na baixa Idade Média, servos e artesãos foram obrigados a vincular ao seu nome o status profissional ou servil camponês (Ferreira, Trigo), sendo, muitas vezes, obrigados a acrescentar também o nome do seu local de origem profissional (sua jurisdição Feudal). Aos Judeus, mesmo que convertidos (Cristãos Novos), deslocados dessa ordem por estarem proibidos de exercer uma profissão hereditária, restava a adoção de “apelidos alternativos” (em Portugal, adotaram nomes de plantas ou árvores). Isso não aconteceu apenas em Portugal, mas em toda a Europa. Na Alemanha, por exemplo, Reismann (plantador de arroz) era o servo ligado à gleba da terra de origem hereditária e Reisman (com um “n” a menos), era de origem judaica, sem relação nenhuma de vínculo feudal.
A ausência de um substrato social relevante e predominante na formação da “classe dos Senhores de Engenho” (não se entenda “classe” como classe imbuída num sistema capitalista), levava, necessariamente, a uma perspectiva mais integrada com a opção Estamental da Idade Média.
O discurso de Antonil era diferente do de Antônio Vieira. O primeiro, segundo várias biografias do autor, era contra os Cristãos Novos e a favor da escravidão indígena. Vieira, ao contrário, complicou-se com a Inquisição de Portugal por defender os Cristãos Novos, Judeus e a não escravização indígena. Na verdade eram duas perspectivas diferentes perante uma realidade nova à ordem Feudal, mas ambas no sentido de mantê-la. A de Antonil caminhava na direção de integrar os homens de sangue puro (Cristãos Velhos) ao “status quo”. Em relação aos índios, considerando o aumento de preço dos escravos negros em função de crises internas e externas que se apresentavam no contexto da época (Guerra de Sucessão Espanhola, descobrimento das “Minas Geraes”, fuga de escravos, Quilombo de Palmares, etc.), apoiava o “Aldeamento” sob tutela civil (a querela dos paulistas caçadores de índios), o que significava escravidão indígena, na prática. Padre Vieira, como podemos notar em seus famosos sermões da época, defendia o resgate da antiga ordem, com a suposição de que todos os que eram daqui, nativos (indígenas), nascidos (crioulos) ou vindos (o que incluía os Cristãos Novos), eram passíveis de conversão à disciplina da “Ordem de Deus”. Nesse sentido, Antonil se aproximava muito mais da nova ordem ligada ao Mercantilismo, embora, contraditoriamente, abraçasse as orientações anti-semitas da Inquisição. Propunha a defesa dos interesses dos Senhores de Engenho, tentando amenizar a rígida disciplina religiosa que impunha um trato menos severo a ser dado aos escravos e a obrigatoriedade de descanso dos mesmos nos feriados e festas religiosas.
Por fim, a obra de Antonil projeta, através de suas críticas e observações, a organização da produção açucareira dirigida rumo à “eficiência”, não num sentido de um aumento de produtividade que apontasse numa acumulação capitalista, mas sim em direção a uma maior lucratividade baseada na redução de perdas no aproveitamento da matéria prima e na redução de custos conseqüente.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura e Opulência do Brasil: Obra do Pe. Antonil – Parte II. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 03 jul 2009 a 16 jul 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura e Opulência do Brasil: Obra do Pe. Antonil – Parte II. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 03 jul 2009 a 16 jul 2009. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/134/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 06 jul 2009.

MUSEU DO IPIRANGA: MONUMENTO E MUSEU HISTÓRICO

Museu Paulista da USP


Prof. Eduardo Melander Filho

Logo após a proclamação da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 surgiu a proposta de se criar um monumento à Independência a ser erguido no próprio lugar do acontecimento, às margens do riacho do Ipiranga. Tal idéia somente foi concretizada 68 anos depois, com a inauguração do edifício-monumento em 1890.
O projeto arquitetônico do edíficio-monumento foi apresentado em 1883 pelo engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, que no ano posterior foi contratado. Adotando o estilo eclético muito em voga na Europa nos finais do século XIX, Bezzi se inspirou num modelo de palácio renascentista.
Inicialmente o projeto previa um retângulo alongado e dois braços laterais, partindo da fachada principal e voltada para a cidade, na forma de um E. Por problemas financeiros foram abandonadas as alas.
Sua construção se deu entre 1885 e 1890. Para tal construção foi encarregado outro italiano: Luigi Pucci, que executou primeiramente a construção de uma maquete em gesso, onde foram reproduzidos todos os detalhes arquitetônicos e de decoração projetados.
Para executar a obra propriamente dita, Pucci utilizou mão de obra italiana, visto que em São Paulo não havia um operariado especializado em construções desse tipo. Utilizou-se também da técnica de construção por tijolo, servindo-se das olarias da região de São Caetano, novidade na época, pois a maioria das construções em São Paulo era baseada na técnica de “taipa-de-pilão”. As obras foram encerradas em 1890 e a inauguração do edifício aconteceu do dia 15 de novembro daquele mesmo ano.
O acervo do Museu Paulista da USP, que é conhecido popularmente como Museu do Ipiranga, tem sua origem em uma coleção reunida pelo Coronel Joaquim Sertório. A coleção foi adquirida em 1890 pelo Conselheiro Francisco de Paula Mayrink, que a doou ao Governo do Estado, juntamente com objetos da coleção Pessanha.
Em 1891, Alberto Löefgren, botânico da Comissão Geográfica e Geológica do Estado e recém indicado Diretor do Museu do Estado, recebeu a incumbência de organizar o acervo.
Em 1893 foi indicado Hermann von Ihering como novo Diretor do Museu. Foi quando recebeu a incumbência de transferir o acervo para o edifício-monumento.
No dia sete de setembro de 1895 a instituição foi oficialmente inaugurada, já com a nova designação de Museu Paulista.
Durante o transcorrer dos anos houve uma série de desmembramentos de parte dos acervos do Museu: em 1927 a seção de Botânica passou a integrar o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal; em 1939 a seção de Zoologia passou a fazer parte da Secretaria de Agricultura dando origem ao Museu de Zoologia da USP; em 1989, os acervos arqueológicos e etnológicos foram transferidos para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
Hoje o Museu Paulista da USP é um museu histórico, contando com um acervo de mais de 125.000 unidades, entre objetos, iconografia e documentação arquivística.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Museu do Ipiranga: Monumento e Museu Histórico. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 05 jun 2009 a 18 jun 2009. História, p. 2.

AS VÊNUS ESTEATOPÍGIAS

Vênus Willendorf

Vênus de Hohle Fels




Prof. Eduardo Melander Filho

Há alguns dias foi publicado um artigo na revista científica “Nature”, onde se revelou a descoberta de uma Vênus do paleolítico superior (40.000 anos a 10.000 anos atrás) na Alemanha, que é uma estatueta de seis cm., esculpida em marfim de mamute e datada de 35.000 aC., sendo portanto a mais antiga de todas as já encontradas. É mais uma das “Vênus Esteatopígias”, que literalmente quer dizer: Vênus das nádegas gordas, em grego. São pequenas esculturas em diversos materiais, muitas vezes possuindo um furo por onde passaria um cordão, para ser usada como pingente em torno ao pescoço.
Batizada com o nome de Vênus de Hohle Fels, essa nova estatueta, assim como as demais, provavelmente estão ligadas a cultos de fertilidade do passado, sendo prova irrefutável de que o “pensamento simbólico” já fazia parte da humanidade há milhares de anos atrás. Relacionaremos então, com exclusividade aos leitores desse jornal, todas as Vênus Esteatopígias já encontradas na Europa e Mediterrâneo.
França: Vênus de Lê Roc-aux-Sorciers esculpida em rocha calcaria, da cultura magdaleniense; Vênus Impudica (marfim, 13.000 aC.); Dama de Brassempouy (marfim, cultura perdigordiense); Vênus de Lespugne (marfim de mamute, 21.000 aC.); Dama de Laussel (baixo relevo, 23.000 aC.); Vênus de Monpazier; Vênus de Tursac (20.000 aC.); Vênus de Mouthe (baixo relevo); Vênus de Sireil; Vênus de Abri Pato (baixo relevo); Vênus de Vic-le-Comte (cultura magdaleniense); Vênus de Magdelaine; Vênus de Cuissac (28.000 aC.); Vênus de Courbet (cult. magdaleniense); Vênus de Aix-em-Provence; Vênus de Milandes e Vênus de Pechialet (em osso). Suíça: Vênus de Neuchatel, que é um pingente datado de 11.000 aC. Áustria: Vênus de Galgenbery (30.000 aC.) e Vênus Willendorf (calcita, cultura. aurignense, 23.000 aC.). Itália: Vênus de Duas Cabeças; Vênus sem braços (marfim, 20.000 aC.); Busto feminino (calcita); Vênus de Nun (clorita, pingente); Vênus pintada de ocre (marfim, cult. gravetiense); Vênus de Savignano (cultura aurignense-perigordiense); Polichinela de Grimaldi (esteatita, 20.000 aC.); Vênus de Menton (esteatita); Figura não descrita (25.000 aC.); duas Vênus encontradas na Grotta delle Veneri (20.000 aC.) e Vênus de Chiozza. Bélgica: Vênus de Trou Magrite em marfim, da cultura gravetiense. República Checa e Eslováquia: Vênus Hiperestilizada (marfim); Vênus de Vestonice (argila e pó de osso cozidos, 24.000 aC.); Cabeça de mulher (marfim de mamute, 27.000 aC.); Vênus “Mulher com Cinto” (osso de mamute, cult. gravetiense); Vênus de Petrkovice (22.000 aC.) e Vênus de Moravany (osso de mamute, cult. gravetiense, 27.000 aC.).Ucrânia: oito estatuetas conhecidas como Vênus de Gagarino.Rússia: quatro Vênus de Kostienski (marfim e pedra, 23.000 aC.); Vênus de Maina; Vênus de Malta (Sibéria); Vênus estilizada (marfim de mamute, 22.000 aC.); Vênus pingente (marfim de mamute, 22.000 aC.); Vênus Jelisie Jewiczi (marfim de mamute); três Vênus Andeevo (20.000 aC.) e duas Vênus de Zaraysk em osso de mamute (20.000 aC.). Marrocos: Vênus de Tan-Tan. Espanha: Vênus pingente; Vênus abreviada e Vênus ideomorfa. Polônia: Vênus de Wilczyce, datado de 16.000 aC. Portugal: Vênus de Scoural (osso de rena) e Vênus da Toca do Pai Lopes (sílex). Finalmente a Alemanha, com a Vênus de Enger (14.000 aC.) e a recém encontrada Vênus de Hohle Fels.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. As Vênus Esteatopígias. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 22 mai 2009 a 04 jun 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. As Vênus Esteatopígias. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 22 mai 2009 a 04 jun 2009. P. 2. Disponível em: <
http://colunadoleitor.gazetadeinterlagos.com.br/#Noticia_9800c01086>. Acesso em: 03 jun 2009.

CULTURA MATERIAL E A REVOLUÇÃO RUSSA




Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


Jean-Marie Pesez em seu texto “História da Cultura Material” faz um levantamento da cultura material a partir da instituição da “Academia de História da Cultura Material da URSS” por Vladimir Ilich Ulianov, popularmente chamado de Lênin. O autor nos indica que essa história está ligada extrinsecamente ao modelo evolucionista do século XIX e à necessidade teórica de uma explicação histórica ligada ao conceito de “Luta de Classes”.
Na URSS e em outros países, com a revolução bolchevista em curso, o conceito marxista de “materialismo histórico” de que as construções materiais eram produtos humanos e a relação dialética de transformação material homem/natureza era a ordem evidente, fortaleceu grandemente o movimento em defesa dessa conceitualização.
A arqueologia, que no século anterior se baseava em ser mero instrumento da história das artes, beneficiou-se grandemente na época com o desenvolvimento de concepções afeitas à materialidade dos objetos construídos pelo homem.
O autor, no entanto, faz uma ressalva importante na compreensão de sua teoria: a cultura material não tem utilidade por si mesma, só se revelar também uma utilidade em responder questões de nossa atualidade. Porém concorda, e isso é importante, que a relação entre os homens e os objetos é histórica.
Pesez aborda, a seguir, sobre a importância dos historiadores da “Escola dos Annales” no fortalecimento da idéia de cultura material. Cita: Marc Bloch, que escreveu sobre a paisagem rural; Lucien Fèbvre, que escreveu sobre o solo e o meio ambiente e, principalmente, Fernand Braudel e seus escritos sobre alimentação, todos esses trabalhos sobre a “Idade Média”.
Particularmente, levanto suspeitas sobre o caráter da própria historicidade da escola dos Annales como um todo, no sentido de uma “antropologia sincrônica” (não histórica) travestida de “história de longa duração” (uma história de transformações imperceptíveis). A confusão que a escola faz entre “cultura material” e “história da tecnologia” é desnorteante.
Mais adiante, o autor revela a polêmica ligada ao Instituto de História Natural da Polônia, quando surgiu autocrítica da entidade em relação à cultura material, que foi subestimada exatamente pelos conceitos sociais econômicos marxistas que a moviam, assim como aferiam no momento, crítica a tendência à independência da cultura material em relação às outras disciplinas.
No final do texto, Pesez, finalmente, assume sua real posição: defende, “através da cultura material, as relações sociais e os modos de produção das sociedades do passado”.
A cultura material de Jean-Marie Pesez, o que ele propõe ou defende, evidentemente é historicista por que se baseia nessa interpretação da história. Segundo suas palavras, a cultura material apresenta o interesse de reintroduzir o homem na história através da vivência material.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura Material e a Revolução Russa. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 08 mai 2009 a 21 mai 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Cultura Material e a Revolução Russa. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 08 mai 2009 a 21 mai 2009. P. 2. Disponível em: