segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DA REGIÃO DE CAMBUÍ

Artefato polido encontrado na Serra da Mantiqueira


Prof. Lic. Eduardo Melander Filho

Recebemos o convite do Sr. Paulo F. para visitar sua chácara de dois alqueires localizada na Serra da Mantiqueira, no Município de Cambuí-MG, a cento e setenta quilômetros da capital paulista. O caseiro do Sr. Paulo havia encontrado um instrumento de pedra polida, com peso razoável, que ele havia tentado “quebrar com uma marreta”, sem resultados. Marcamos então diretamente com o proprietário e viajamos no final do mês de janeiro para Cambuí, a fim de conhecer o local do achado e, também, o artefato arqueológico.
A viagem, realizada integralmente pela rodovia Fernão Dias, teve a duração de duas horas. Chegando à chácara, que se localiza praticamente ao lado da mesma rodovia, fomos muito bem recebidos por todos, dos empregados ao dono daquela gleba. Localiza-se na encosta de uma elevação, tendo em frente um pequeno vale onde passa um riacho. A sede fica exatamente na parte mediana da encosta. Um local ideal para assentamentos Tupis, que fugiam do litoral que estava sendo ocupado pelos recém chegados europeus. Típico local procurado também por antigos grupos pré-históricos.
Tomando contacto com o artefato, percebemos imediatamente que se trata de uma “mão de pilão” feita de pedra, polida, pesando mais ou menos quatro quilogramas. Na verdade, pode tanto ser um instrumento pré-histórico quanto histórico, produzido por grupos étnicos pós-contato (após o descobrimento do Brasil). O caseiro nos contou que o objeto foi achado a sessenta centímetros de profundidade, quando ele cavava um buraco para fixar um mourão na divisa com propriedade vizinha. Disse também que encontrou outro objeto semelhante, mas menor e meio sextavado, que por engano um outro funcionário jogou fora.
Subimos então a encosta. Chegando ao topo, local onde foi encontrado o objeto, examinando uma valeta recentemente escavada, verificamos que, pela estratigrafia (camadas de diferentes sedimentos), nada indicava algum tipo de assentamento humano anterior. Obviamente que essa é uma impressão primária.
Deixamos o local com o compromisso de voltar à região. Necessária é a feitura de estudos mais sistemáticos. Retornaremos logo que se iniciem as obras de uma caixa d’água de dez mil litros, que se localizará exatamente no topo. Certamente outras evidências aparecerão. Daí poderemos ter certeza do que se trata.
Os leitores que porventura saibam ou encontrem algum vestígio que julguem como arqueológico (feito pelo homem) entre em contacto conosco através do seguinte endereço: <edmelander@hotmail.com>. E por favor: não tentem quebrar ou danificar a nenhum deles.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Vestígios Arqueológicos da Região de Cambuí. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 13 fev 2009 a 26 fev 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Vestígios Arqueológicos da Região de Cambuí. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 13 fev 2009 a 26 fev 2009. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 17 fev 2009.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

OS PALÁCIOS DE CRETA DO SÉC. XVI aC.

Ruinas do Palácio de Cnossos em Creta
Reconstrução virtual do Palácios de Cnossos

Planta do Palácio


Afrescos do Palácio: serviçais


Pinturas parietais do Palácio de Cnossos: seios à mostra era um costume






Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


A decifração da escrita linear “B” só foi possível graças à grande quantidade de material escrito encontrada nas escavações dos palácios micênicos em Creta e à descoberta da língua falada na época, que era uma forma de grego ancestral do grupo dialetal arcado-cipriota.
Os tabletes (tijolos com inscrições) micênicos são distintos de documentos encontrados em outras áreas do oriente. São registros ou inventários de: armazéns; produção agrícola; impostos; matérias primas; divisões de terra e destino dos víveres. Importante ressaltar que os documentos datam apenas do último ano de funcionamento dos palácios.
Os escritos revelam sobre: a organização do palácio e seu papel na organização da economia; o funcionamento da sociedade; a estrutura dos territórios dependentes; as profissões; as funções; os cargos; etc. O wa-na-ka seria o mestre único do palácio ou do reino. Os artesãos trabalhavam para ele, que nomeava e trocava de funcionários. Não se sabe se era um soberano divino, rei humano ou dignitário local. Os qa-si-re-we eram chefes de bronzistas, dignitários provinciais ou funcionários, associados às localidades provinciais.
Em relação aos dependentes do palácio, em Cnossos havia a contabilização de 4.264 pessoas que recebiam grãos, enquanto que em Pilos foram contabilizados 450 mães e avós, 350 jovens, 450 meninas, 350 meninos e 10 adolescentes masculinos, num total de 2250 pessoas.
Os escribas eram administradores letrados e não profissionais da letra como no oriente. Havia muitas salas de arquivo nos palácios micênicos, onde eram registrados os procedimentos da administração. Nesses registros e inventários constavam produtos diversos, tais como: animais; ovinos; caprinos; suínos; bovinos; indústria têxtil; etc.
Foi através das evidências escritas, que se descobriu a estrutura dos territórios dependentes. Pilos estava organizado em 2 províncias com capitais próprias, cada qual com 9 e 7 distritos.
O papel do palácio era o de centro distribuidor e coletor. Havia depósitos de óleos de gergelim, linhaça, rícino e de oliva, na maioria para uso industrial em mistura com produtos perfumados e outros (coriandro, frutas, vinho, mel). Toda essa atividade industrial de preparação exigia mão de obra especializada.
Havia atividades de metalurgia nos palácios. Em Pilos, 400 metalúrgicos estavam dispostos em 25 localidades, que eram independentes do palácio. A indústria têxtil era outra atividade de porte. Em Cnossos, registros referentes a ovinos indicaram um número de 100.000, que não variava de ano a ano. Produzia-se 50 toneladas de lã, o que permitia a fabricação de 5.000 peças de tecido. É bom lembrar que existe uma gama de atividades específicas na fabricação do tecido e que exigem mão de obra especializada: pastores; tosadores de lã; lavadores; cardadores; tingidores; fiadores e tecelões.
Muitas outras atividades se desenvolviam no palácio, onde se armazenava grandes quantidades de produtos, rações alimentares, matérias primas, produtos acabados, vestimentas, armas.
É importante se colocar que grande parte das informações desse sistema vem dos documentos escritos (tabletes) e não dos vestígios arqueológicos, pois grande parte desses produtos, como tecidos, não resistiu ao tempo pela deterioração.

FONTES

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Palácios de Creta do Séc. XVI aC. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 30 jan 2009 a 12 fev 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Palácios de Creta do Séc. XVI aC. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 30 jan 2009 a 12 fev 2009. P 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 04 fev 2009.