terça-feira, 26 de agosto de 2008

A ANTIGUIDADE DO HOMEM AMERICANO

Rupestres em Pedra Furada, Serra da Capivara-PI


Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


A arqueologia brasileira teve como seu ponto de partida o trabalho de amadores, colecionadores, estudiosos de antiguidades e outros, que, embora bem intencionados, obviamente não trabalharam com um método científico rigoroso. Seus procedimentos geraram uma série de informações que não forneceram uma real formação sistemática. Coletas sem registro e diversos critérios classificatórios, são alguns dos encaminhamentos que mais causaram confusão do que produziram conhecimento. Mas esse não é o problema central, pois atualmente a arqueologia é bem criteriosa.
Há um grande ceticismo por parte da comunidade científica, principalmente os americanos, em aceitar que o homem tenha penetrado nas Américas há mais de 30.000 anos. Tal ceticismo decorre de uma linha explicativa da presença humana no novo mundo desenvolvida na década de 1950, segundo a qual o homem só poderia ter vindo para as Américas por terra através da Beríngia, em momentos em que se estabeleceu uma ponte de gelo entre a Ásia e a América do Norte, em direção ao Alaska. Os grupos, então, ficaram isolados no Alaska até que o degelo proporcionasse condições favoráveis para que descessem ao sul e, a partir daí, para todo o continente. Segundo essa teoria, qualquer datação mais antiga que 12.000 anos atrás para a presença do homem nas Américas estaria descartada.
Sabe-se hoje, no entanto, que o homem penetrou na Austrália há aproximadamente 70.000 anos, numa primeira leva humana, bordejando a península do Sinai e as terras marginais ao Oceano Índico, chegando até a Índia e daí passando para a Indonésia. Sabe-se também, que, apesar dos oceanos estarem com os níveis baixos, tiveram que percorrer grandes distâncias marítimas, o que indica domínio na técnica da navegação.
Outro indício importante é o que se refere à descoberta no Piauí do Ancilostoma duodenalis, parasita intestinal do Homem que exige determinada temperatura para seu desenvolvimento, descoberta cuja datação o situa em 7.750 AP. Como só poderia sobreviver em climas quentes, isso exclui que tenha origem de pessoas que tenham atravessado regiões glaciais ou mesmo a Cordilheira dos Andes. Teria vindo pelo Atlântico?
Em vista de diversos outros indícios é mesmo provável que o Homem tenha chegado ao novo mundo em diversas levas e de diversas formas, por terra e por mar.
A arqueóloga Niéde Guidòn oferece dezenas de exemplos de datações que corroboram a grande possibilidade de uma presença humana muito anterior à antevista até o momento. Dentre os seus exemplos, temos: o Abrigo Lapa Vermelha em Lagoa Santa, Minas Gerais, com datações de até 25.000 atrás; Morro Furado em Goiás com datações de 43.000 anos e Pedra Furada no Piauí, com datações de 60.000 anos. Essas datas sugerem fortemente a presença humana nessas regiões, muito antes do que a ortodoxia admite.


FONTES


MELANDER FILHO, Eduardo. A Antiguidade do Homem Americano. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 22 ago 2008 a 04 set 2008. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. A Antiguidade do Homem Americano. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 22 ago 2008 a 04 set 2008. p. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 26 ago 2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

ótimo texto e de extrema importância, obrigada!