segunda-feira, 30 de março de 2009

NEANDERTHAL: ENTRE A HUMANIDADE PLENA OU PARCIAL

Ponta Levallois do Musteriense


Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


Teria o Homo neanderthalensis desenvolvido consciência e consecutivamente linguagem simbólica, com a capacidade de produzir arte? Seria ele possuidor de uma humanidade igual à nossa?
Sabe-se que animais não possuem apenas conduta genética, mas também acumulam informações e aprendem. Existem vários tipos de conhecimento: o filogenético, que constitui o acumulado ao largo da evolução e gravado nos genes e o ontogenético, que se adquire durante a vida e são transmitidos através da cultura. O comportamento animal pode ser explicado pelo jogo entre impulsos e comportamentos reflexos, que são inatos e adquiridos. Não há qualquer tipo de consciência. Animais não são capazes de fazerem planos a longo prazo, nem de observarem a si mesmos, nisso consiste a consciência humana. Obviamente que os animais querem e sabem, mas não sabem que sabem, nem sabem que querem. A consciência humana se dirige a si mesma; somos conscientes de ter consciência e filosofamos sobre ela.
Descartes, com seu “cogito, ergo sum” (penso, logo existo), nos remete a outras verdades e nessa ordem: Deus e o mundo. São dois: um interno e outro externo, e a essência do interno é o pensamento e a consciência. Jerry Fodor, psicólogo, propõe a divisão da mente entre percepção, que é obtida por uma série de módulos independentes entre si e inatos e cognição, que é produzida em um sistema central que realiza operações mentais, ou seja, o pensamento.
Os Neanderthais desenvolveram, assim como nós, o modo técnico IV de lascamento, através da cultura Chatelperronense. Produziram materiais simbólicos, tais como: colares e anéis. No entanto, pelo fato de tal cultura aparecer somente depois do aparecimento do Aurinhense Cro-magnon (Homo sapiens), muitos dizem que a produção dos adornos se deu por imitação. Walter Neves mesmo afirma que os Neanderthais podem ter imitado sem dar valor simbólico. Os sítios Chatelperronense que conhecemos são:
- Sítio Saint Cesaire, onde foi encontrado parte de crânio e mandíbula de Neanderthal;- Caverna da Rena em Arcy-sur-Cure, onde encontraram restos fragmentários de Neanderthal. Foram encontrados também ferramentas, dentes e ossos perfurados ou em sulcos, contas e anéis de marfim, junto com fósseis marinhos também utilizados como adorno pessoal;- Sítio Quinçay, onde encontraram seis dentes perfurados na raiz.
Outras indústrias Neanderthais interpretadas como modo técnico IV, são as culturas Uluzziense na Itália, Szeletiense na Europa Central, Bachokiriense na Bulgária.
Enterravam também os seus mortos juntamente com mobiliário funerário, com todo o simbolismo que isso acareta. Dentre os sepultamentos e os adornos encontrados, podemos citar:
- Chifres de cabra selvagem com menino, em Teshik Jash, no Uzbequistão;
- Ossos de urso em cova com laje, em Régourdou, na França;
- Pedra lascada sobre o coração de um menino, em Dederiyeh, na Síria;
- Flores sobre os esqueletos de Shanidar, no Iraque;
- Pó de hematita sobre o esqueleto de Lê Moustier, na França.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Neanderthal: Entre a Humanidade Plena ou Parcial. Gazeta de Interlagos. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 27 mar 2009 a 08 abr 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Neanderthal: Entre a Humanidade Plena ou Parcial. Gazeta de Interlagos. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 27 mar 2009 a 08 abr 2009. P. 2. Disponível em: <
http://colunadoleitor.gazetadeinterlagos.com.br/#Noticia_4c2e862543>. Acesso em: 30 mar 2009.

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