segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A ARQUEOLOGIA ESCREVENDO A HISTÓRIA DOS ÍNDIOS

Índias Guaranis de Santa Catarina


Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


A Arqueologia pré-histórica brasileira não apenas pode escrever a História dos indígenas como possivelmente já esteja escrevendo, na medida em que não existem fontes escritas, principalmente das épocas antes do descobrimento do Brasil.
O arqueólogo Eduardo Góes Neves faz algumas colocações importantes nesse sentido. A principal delas é a do mito do indígena estático (imóvel perante a História), como se não tivesse passado, eternamente no Mesolítico (entre a idade da pedra lascada e polida), digno de proteção a fim de preservar sua cultura contra a contaminação cultural do homem branco. Como se os indígenas estivessem numa eterna “estática histórica” e como também a História admitisse essa estranha categoria de “estática”. História é movimento e os povos indígenas têm sim sua História. Mas é preciso atentar: que tipo de Arqueologia pode ajudar a escrever a História desses povos? Somente uma Arqueologia baseada na cultura material (artefatos e coisas produzidas pelo homem), que se proponha ao diacronismo (dinâmica histórica), que pretenda a reconstrução da totalidade social, do modo de vida, do modo de produção. Que seja histórica, enfim.
Eduardo Neves propõe uma Arqueologia com base nos restos materiais. Explicita, contudo, que a Arqueologia é interdisciplinar e que, portanto, o arqueólogo deve ter conhecimentos amplos que transitem desde a Antropologia a algum conhecimento de Biologia. As evidências contidas nos sítios arqueológicos constituem de fato a matéria prima, verdadeiros documentos materiais, que devidamente manuseados e contextualizados, reconstroem a História.
Neves também admite a utilização de outros documentos, como os escritos pelos colonos europeus no primeiro momento do contato (descobrimento do Brasil) e também as tradições orais da população branca e dos próprios indígenas, mas impõe limites na sua utilização.
É fato que o contato produziu mortes por violência direta ou por doenças, mas também causou uma profunda mudança nos padrões culturais dos povos aborígines e tudo isso deve ser levado em consideração.
Há já um critério estabelecido no estudo das populações de antes do contato.
Os paleoíndios que vêem desde a ocupação primária da América – primeira ocupação – até o início do Holoceno (final do Pleistoceno ou há 10.000 atrás). Depois, o período Arcaico, que corresponde ao Holoceno propriamente dito, e, por último, o período Formativo, quando a agricultura já ocupa um lugar importante.
Vestígios de plantas domesticadas (várias no Amazonas que hoje são consideradas selvagens), sambaquis, líticos (instrumentos feitos de pedra), cerâmicas e outros vestígios materiais, constituem um rico depósito cultural e histórico, alguns já descobertos e outros a serem, a espera de sua decifração, como a imagem enigmática da esfinge.


FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. A Arqueologia Escrevendo a História dos Índios. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 03 out 2008 a 16 out 2008. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. A Arqueologia Escrevendo a História dos Índios. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 03 out 2008 a 16 out 2008. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 06 out 2008.

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