quarta-feira, 25 de novembro de 2009

LEV SEMYONOVICH VYGOTSKY: UMA PSICOLOGIA MARXISTA

Vygotsky

Professor Melander

Até a primeira metade do séc. XIX, as variantes em relação aos processos mentais eram duas, ambas inspiradas em Descartes, que considerava o estudo científico do homem restrito ao corpo físico. Uma delas era a de Locke, que era uma concepção empirista da mente, cujas sensações seriam percebidas por estímulo ambiental. A outra era a de Kant, segundo o qual noções de espaço, tempo, conceito de quantidade, qualidade e relação eram originados na mente e não poderiam ser decompostos em elementos simples.
Na Segunda metade do séc. XIX, surgiram três novas variantes baseadas em: Darwin, que propôs um sistema de evolução único para todas as espécies regido por leis naturais; Fechner, que propôs em bases fisiológicas os eventos físicos e o funcionamento da mente pela lei natural e Sechenov que propôs uma teoria fisiológica do funcionamento dos processos mentais.
Essas três novas visões faziam levantar três novas questões: quais as relações entre comportamento humano e animal; quais as relações entre eventos ambientais e mentais e quais as relações entre processos psicológicos e fisiológicos.
Paralelamente surgiu o pensamento de Wilhelm Wundt, que considerava que os processos psicológicos superiores (lembrança voluntária, raciocínio dedutivo, etc.) não poderiam ser estudados pelos psicólogos experimentais, mas sim pelos estudos históricos dos produtos culturais (lendas, costumes, linguagem).
Após a I Grande Guerra, duas grandes linhas apareceram então: a de Pavlov, que estudava os reflexos condicionados (a partir de Sechenov) e renegava os processos psicológicos superiores (pensamento, linguagem, comportamento volitivo), considerando que os processos psicológicos eram compartilhados pelos homens e animais e da Gestalt que rejeitava a possibilidade de explicar processos mais complexos a partir de processos psicológicos simples, recusando a validade de analisá-los em seus constituintes básicos. A discussão mundial que se fazia mundialmente, particularmente na Rússia, era essa.
Em 1923, já em pleno desenvolvimento da Revolução Bolchevista, foi realizado o primeiro Congresso Soviético de Neurologia, onde aconteceu o grande debate. Chelpanov, diretor do Instituto de Psicologia de Moscou, adepto de Wundt e opositor ao behevionismo, considerava que o Marxismo poderia explicar a organização social da consciência, mas não as propriedades da consciência individual. Kornilov, na ocasião, criticou Chelpanov pelas bases idealistas e propôs a submissão da psicologia a uma estrutura Marxista, usando relações comportamentais como elos básicos. Após o congresso, Kornilov, assumindo o cargo que pertencia anteriormente a Chelpanov, reuniu uma equipe de jovens cientistas, entre os quais Vygotsky.
Em 1924, no Segundo Congresso, Vygotsky criticou Kornilov. Para ele, o Marxismo era não somente uma fonte de inspiração, mas acima de tudo um método científico que deveria ser levado a fundo na psicologia. Vygotsky considerava que a crise da psicologia poderia ser resumida em duas vertentes: uma filiada a Ciência Natural e que estudava aos processos elementares sensoriais e reflexos e outra filiada a Ciência Mental e que estudava aos processos psicológicos superiores. Vygotsky tentou uma síntese dos dois, adotando o método do materialismo dialético e propondo o símbolo (linguagem, sinais, etc.) como mediador entre o social e o indivíduo, formulando uma teoria marxista do funcionamento intelectual.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Lev Semyonovich Vygotsky: Uma psicologia marxista. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 nov 2009 a 03 dez 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Lev Semyonovich Vygotsky: Uma psicologia marxista. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 nov 2009 a 03 dez 2009. Edição 144, p. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/>. Acesso em: 25 nov 2009.

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