segunda-feira, 13 de abril de 2009

LESLIE WHITE E JULIUS STEWARD: O FUNCIONALISMO DA ANTROPOLOGIA AMERICANA

Leslie White

Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


A concepção de cultura de Leslie White se baseia na distinção entre comportamento de signos e comportamento de símbolos. Signos são coisas ou eventos cujos significados são inerentes às suas formas físicas e os símbolos, coisas e eventos cujos significados são arbitrariamente colocados pelos seus utilizadores. Desse modo, somente o homem é capaz de ter comportamento baseado tanto em signos como em símbolos, sendo que a forma mais importante de símbolo é a linguagem humana (a escrita também o é), coisa que o animal é incapaz de produzir. Assim como o homem pode dar um significado arbitrário através do símbolo, ele mesmo, pelo uso constante e automático, pode transformar esse símbolo em signo (ex: o sinal vermelho=pare). O ser humano é o único capaz de transcender o limite das experiências sensoriais (visão, audição, tato, paladar e olfato) porque pode representar simbolicamente, o que o habilita a poupar e representar as suas experiências que se tornam parte de uma tradição (cultural) sempre cumulativa e progressiva. É através desse fluxo extra-somático (fora do corpo) de tradição que envolve tecnoeconomia, organização social e ideologia, ou simplesmente cultura, que o homem explora e se adapta ao mundo.
White vê a cultura como o artifício adaptativo pelo qual o homem se acomoda à natureza e vice versa. Ou seja, a cultura é o fluxo extra-somático que envolve subsistemas: tecnologia, organização social e ideologia, sendo que a tecnologia é o mais importante (determinante) de todos.
Steward concorda em termos gerais com a concepção evolucionista de White. Ambos defendem que o objetivo central da antropologia deve ser a descoberta de regularidades culturais através do tempo, ou seja, similidaridades (semelhanças). No entanto, Steward está mais preocupado com “culturas” ou “grupo de culturas” do que em “cultura” (como definição geral) em termos amplos como White concebe. Contrapondo-se à abordagem unilinear, em que as culturas passaram todas pelos mesmos estádios (estágios) ou estádios similares, adota a abordagem multilinear (várias linhas de evolução cultural) para lidar com as diferenças e similaridades culturais, através da comparação de sequências paralelas de desenvolvimento em áreas geográficas distintas e separadas.
Os antropólogos norte americanos não concebem a História como o estudo dos processos de transformação das sociedades nos seus mais diversos níveis (econômico, cultural etc.), mas sim como o registro dos eventos. A antropologia americana, na medida em que acredita que toda cultura se encontra em determinado estágio e que estágios similares são pré-determinados pelo grau de adaptação do grupamento humano ao meio ambiente, considera-se ahistórica. Assim sendo, um evento (histórico) qualquer pouca ou nenhuma influência terá na transformação ou evolução de uma cultura.
O funcionalismo americano numa perspectiva histórica em antropologia, leva à analogia orgânica (comparação com os organismos vivos), segundo a qual todo sistema é composto por elementos ou partes com funções distintas, porém inter relacionadas. A ausência ou a disfunção de qualquer desses elementos afeta o funcionamento do organismo como um todo.


FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Leslie White e Julius Steward: O Funcionalismo da Antropologia Americana. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 09 abr 2009 a 23 abr 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Leslie White e Julius Steward: O Funcionalismo da Antropologia Americana. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 09 abr 2009 a 23 abr 2009. P. 2. Disponível em: <
http://colunadoleitor.gazetadeinterlagos.com.br/#Noticia_a6a5941967>. Acesso em: 13 abr 2009.

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