segunda-feira, 14 de julho de 2008

OS POVOS PRÉ-HISTÓRICOS DO LITORAL BRASILEIRO

Sambaqui Ponta da Garopaba Sul em Jaguaruna-SC

Professor Eduardo Melander Filho



Os povos dos mais antigos que habitaram o litoral brasileiro foram os construtores dos Sambaquis, que são montanhas de conchas encontradas de norte a sul do país.
Diferentemente dos Sambaquis fluviais, os litorâneos tem sua estrutura formada por cascas de ostras, mexilhões e, principalmente, berbigões (vôngoles). São monumentos funerários formados por montículos (túmulos) que se sobrepõem (um sobre o outro), crescendo sempre para cima e para os lados, atingindo dezenas de metros de altura e até 2 km de diâmetro.
Chamamos de “sambaquieiros” os que habitaram do litoral do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul por possuírem a mesma cultura e constituição genética.
Os Sambaquis dessa região são datados de 6.000 a 2.000 anos atrás. Não se sabe realmente se são mais novos que os Sambaquis fluviais, pois há mais de 10.000 anos o nível do mar era bem mais baixo que atualmente, tendo subido gradativamente pelo derretimento do gelo polar em decorrência do final da idade do gelo, atingindo 3 m acima do nível de hoje há 6.000 anos e depois descendo novamente. Assim, se houve algum Sambaqui anterior a essas datas, foi coberto pelo mar e desapareceu para sempre.
Os homens do litoral eram também diferentes dos que construíram os Sambaquis fluviais. Eram baixos, atarracados e, ao que tudo indica, não tinham parentesco com os fósseis de “Luzia” e do “Homem de Capelinha”. Tinham peixes como alimentação principal, conforme sugerem artefatos encontrados como anzóis feitos de ossos, furadores de ferrões de arraias e pesos de redes esculpidos em pedra, além de dentes de tubarão furados para fazer colares. Ossos encontrados desses indivíduos apresentam lesões por esforços repetitivos, indicando que eram remadores e viveram grande parte de suas vidas na atividade de pesca.
Infelizmente grande parte dos Sambaquis litorâneos foram destruídos por indústrias mineradoras. As conchas ricas em calcáreo eram moídas juntamente com os ossos das sepulturas, sendo o produto obtido utilizado na fabricação de cimento, cal e fertilizantes. Existem hoje menos de 20% dos Sambaquis que existiam no começo do século XX.


FONTES

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Povos Pré-Históricos do Litoral Brasileiro. Jornal Gazeta de Interlagos, São Paulo, 11 jul 2008 a 24 jul 2008. Ciência, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Os Povos Pré-Históricos do Litoral Brasileiro. Jornal Gazeta de Interlagos, São Paulo, 11 jul 2008 a 24 jul 2008. p. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#4>. Acesso em: 14 jul 2008.

terça-feira, 1 de julho de 2008

PRIMEIROS BRASILEIROS ERAM NEGROS SEGUNDO A ARQUEOLOGIA

Luzia

Cro-Magon


Professor Eduardo Melander Filho



Vários leitores nos perguntaram após a edição do nosso último artigo nesta coluna sobre a negritude de “Luzia” e do “Homem de Capelinha”, esqueletos fósseis datados de 11.000 e 9.000 anos atrás encontrados nos Sítios Arqueológicos de Lagoa Santa em Minas Gerais e Capelinha no Estado de São Paulo, respectivamente. Segundo o Prof. Dr. Walter Alves Neves, Antropólogo Físico que estuda esses fósseis, ambos possuem características definidas como negróides ou australóides (negros), contrárias às características mongolóides ou mongóides (asiáticas) dos atuais índios do Brasil e de todas as Américas.
A teoria mais difundida de ocupação das Américas é a da “Clovis First”, segundo a qual o homem entrou há 12.000 anos através do Estreito de Bhering por uma ponte de gelo e da América do Norte se expandiu à América do Sul. Neves contesta essa visão. Para entendermos melhor, mostraremos como o Homo sapiens, que é o homem moderno ou nós mesmos, saiu do seu local de origem, a África, e migrou em várias levas ao resto do mundo.
A primeira aconteceu há 100.000 anos e foi em direção ao Oriente Médio onde, segundo Walter Neves, não conseguiu avançar por questões climáticas; o frio era forte demais. Esse agrupamento humano foi constituído pelos proto Cro-magnons e desapareceu não se sabe como há 60.000 anos sem deixar nenhuma descendência.
A segunda leva saiu da África há 70.000 anos ou 60.000 anos atrás e foi em direção à Austrália, passando pela Ásia. Segundo Walter Neves, o clima tropical favoreceu essa rota. Os descendentes dessa leva são os atuais aborígines australianos. Provavelmente outras etnias foram influenciadas geneticamente por essa população, como a dravítica da Índia atual e mesmo os sumérios no passado. Uma ramificação dessa leva humana poderia também ter se desviado para as Américas, dando origem a uma população negróide. Os fósseis de “Luzia” e do “Homem de Capelinha” seriam os representantes antepassados desse grupo.
Por fim, uma última leva africana há 50.000 anos. Foi esse o grupo que colonizou a Europa, o Oriente Médio, Ásia e Eurásia, transformando-se gradativamente em populações caucasóides (brancas) na Europa e mongolóides (asiáticas) na Ásia. O Cro-magnon é o representante europeu desse grupo.
Assim, teria havido uma primeira entrada do homem nas Américas entre 18.000 e 14.000 anos atrás, constituída de uma população negra que chamamos de “paleoíndios”. Essa população foi substituída por migrações posteriores de asiáticos a partir de 12.000 anos atrás, que deram origem aos indígenas atuais.


FONTES


MELANDER FILHO, Eduardo. Primeiros Brasileiros Eram Negros Segundo a Arqueologia. Jornal Gazeta de Interlagos, São Paulo, 27 jun 2008 a 10 jul 2008. Ciência, p.2.
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MELANDER FILHO, Eduardo. Primeiros Brasileiros Eram Negros Segundo a Arqueologia. Jornal Gazeta de Interlagos, São Paulo, 27 jun 2008 a 10 jul 2008. p. 2. Disponível em: <http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#4>. Acesso em: 07/07/2008.