segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A ORIGEM DO HOMEM E DA HUMANIDADE - V (ÚLTIMA PARTE)

Crânio e arcada dentária do Homo sapiens


Prof. Lic. Eduardo Melander Filho


O último representante da linhagem européia recente do gênero Homo foi o Homo neandethalensis, iniciador do modo técnico III de lascamento (técnica Levallois da cultura Musteriense), surgido há 300.000 anos atrás e desaparecendo há 30.000 anos, após 10.000 anos de convívio com o invasor Homo sapiens da cultura Aurignense (modo técnico IV de lascamento), advindo do continente africano (linhagem africana do gênero Homo).
Os Neanderthais eram diferentes dos Sapiens modernos (chamados de Cro-magnon) que invadiram a Europa. Possuíam cérebro maior, toro supra orbital (acima das pestanas) desenvolvido, com arcos semicirculares que se fundiam, testa mais plana que a nossa, calvário comprido (occipital projetado para trás), grande abertura nasal, rosto com aparência pontuda, ossos dos dedos robustos, ante braço curto, grande caixa toráxica, grandes quadris, estatura menor, troncos largos e uma musculatura muito mais desenvolvida. O Sapiens não era páreo para ele numa luta mão a mão. A principal alimentação era a carne de animais mortos, tanto as que eles caçavam quanto as carniças que encontravam com o derretimento do gelo. Usavam também uma técnica de caça diferente. Enquanto o Cro-magnon caçava à distância utilizando dardos e flechas, o Neanderthal enfrentava o animal com uma lança e corpo a corpo.
Uma das perguntas mais freqüentes é sobre se o Neanderthal se miscigenou com o Sapiens, sobrevivendo assim de uma forma ou de outra. Existem duas teorias científicas que tentam dar explicações a essas indagações.
A primeira (a que adotamos) é a que se baseia na origem africana do homem moderno (irradiação africana), segundo a qual o Homo sapiens apareceu na África por volta de 120.000 anos atrás e o Neanderthal na Europa há 300.000 anos atrás, origens e espécies, portanto, distintas e separadas amplamente na temporalidade. O ancestral comum recuaria a milhares de anos, talvez milhões, no tempo. Por essa hipótese, o Homo sapiens substituiu na Europa o Homo neanderthalis há 30.000 atrás, que desapareceu sem haver se miscigenado com o homem moderno.
A segunda teoria, chamada de visão multirregionalista, percebe a transformação evolutiva como uma mudança contínua dentro de uma linhagem geneticamente coesa. Assim, não haveria um rompimento, por exemplo, entre o Homo erectus e o Homo sapiens, pois eles formariam um contínuo evolutivo. Em conseqüência, existiria apenas uma espécie: o Homo sapiens e várias subespécies que se misturariam no decorrer do tempo, dentre as quais o Homo sapiens neanderthalensis e o Homo sapiens sapiens.
Sobre a questão de o Homo neanderthalensis ser considerado também um ser humano completo na acepção da palavra (linguagem simbólica, rituais de enterramentos), trataremos desse assunto num futuro próximo.
Encerramos aqui a série de escritos sobre a trajetória da humanidade dos primórdios até o final do Paleolítico. Agradecemos aos leitores deste jornal, que nos têm prestigiado na leitura de nossos artigos e na crítica que nos ajuda a enriquecer intelectualmente. A todos, nossos mais sinceros votos de um Feliz Natal e um Ano Novo de Prosperidade. Até 2009.


FONTES:


MELANDER FILHO, Eduardo. A Origem do Homem e da Humanidade – V (Última Parte). Gazeta de Interlagos, São Paulo, 18 dez 2008 a 15 jan 2009. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. A Origem do Homem e da Humanidade – V (Última Parte). Gazeta de Interlagos, São Paulo, 18 dez 2008 a 15 jan 2009. P. 2. Disponível em: <http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 22 dez 2008.

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