quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

BIOGRAFIA DE JOÃO MELANDER

João Melander durante as bodas de 60 anos de casamento, juntamente com esposa, filhas e filhos, noras e genros, netas e netos.



MELANDER, JOÃO (1887-1973).

Colportor pioneiro no Estado de São Paulo. Nasceu no dia 10 de maio de 1887 em Hamburgo, Alemanha. Era filho de Hugo e Dorotéia Melander. Era o mais novo e tinha duas irmãs. Ainda pequeno, seu pai faleceu e sua mãe veio para o Brasil na companhia dos filhos.
Estabeleceram-se na cidade de Assis, SP, e algum tempo depois sua mãe casou-se com Jorge Skau. Da união nasceram três filhos.
Especializou-se em marcenaria artesanal e carpintaria. Com a vinda de imigrantes na região da alta Sorocaba, foi contratado pelo governo para receber as famílias européias, servindo como intérprete.
Em junho de 1912, chegou ao Núcleo Monções, Avaré, Estado de São Paulo, a família Reichert e dois meses depois, casou-se com Edwiges Reichert (1), uma das filhas do Sr. Reichert.
O casal teve oito filhos e adotaram uma menina recém-nascida: Archimedes, Matilde, João, Eduardo (falecido aos dois anos e meio), o próximo filho que nasceu recebeu o mesmo nome: Eduardo, Marta, Clarice (adotiva), Cleide e Clóvis (2).
João Melander aceitou a mensagem ASD (3) através de seu cunhado, o Dr. Carlos Heinrich no ano de 1914. Vendeu a marcenaria e começou a colportar por influência do cunhado, que colportava desde 1919.
Melander começou o ministério da colportagem em 1921, quando os colportores carregavam os livros às costas em uma bolsa de couro e levavam mais um pacote de livros em cada mão. Progrediu no trabalho até tornar-se campeão de vendas dos colportores em diversas ocasiões.
Cinco anos após haver começado a colportar, Melander pensou em deixar a Obra ASD porque não via fruto missionário de seu trabalho. Um dia assistiu a um congresso e ali um homem aproximou-se dele e lhe disse: "Ó alemão! O senhor é aquele que trouxe salvação à minha casa!". Esse homem havia aceitado a mensagem Adventista através dos livros que Melander lhe vendera.
Outro episódio marcante de sua vida ocorreu na região de Botucatu, SP, quando, ao entardecer de um dia, Melander começou a falar sobre a mensagem da salvação a um homem e assim passaram a noite toda sem perceberem a rápida passagem das horas. Dez anos depois, o mesmo homem, providencialmente, foi morar perto da casa de Melander. Ao vê-lo disse: "Aquela foi a noite de minha salvação!" Toda família composta de dez pessoas estava batizada.
Certo dia, Melander visitou um fazendeiro e logo que o cumprimentou, o homem perguntou:
— Onde está seu companheiro?
— Vim só — Respondeu Melander.
— Não é possível! Diga-me onde ficou o companheiro que vinha com o senhor, um homem vestido de branco? Eu o vi.
— Olhe, senhor — explicou Melander — sou um missionário. Trago uma mensagem de Deus para a felicidade e salvação de cada pessoa. Por isso me acompanha um Anjo do Céu. Esse companheiro que o senhor viu é o anjo de Deus que vai comigo. E Melander citou o Salmo 34:7 deixando o fazendeiro muito impressionado.
Dentre as experiências marcantes de Melander ao longo de seu ministério na colportagem, uma é deveras impressionante. Um dia, pela manhã, ao aprontar-se para sair ao trabalho, tomou um livro, embrulhou-o e saiu com ele. Quando estava no bonde, perguntou a si mesmo: "Por que trouxe este livro comigo? Em que estava pensando?" Depois de descer do bonde, caminhou meia quadra e viu uma menina defronte a uma porta e que gritava para dentro de casa, dizendo: "Mamãe, aí vem o homem de Deus!" Melander virou-se para ver a quem a menina se referia, mas não havia pessoa alguma além dele. Nesse momento, a mãe apareceu à porta, e dirigindo-se ao colportor, disse a ele: "O senhor é o homem que vi a noite passada em sonhos. O senhor traz um livro que tem a gravura duma escada com Anjos que sobem e descem por ela”.
Trabalhou em todas as cidades de Sorocaba, da Alta Paulista e Santos. Morou em Santo André, na Casa Publicadora Brasileira (CPB) e, no ano de 1924, foi morar no Capão Redondo onde comprou uma chácara.
Em 1937, foi transferido para Presidente Prudente, na região da Alta Sorocaba.
Em 1939, foi para Conceição de Monte Alegre, perto de Paraguaçú Paulista. Em 1941, mudou-se para Marília e trabalhou em várias cidades da Alta Paulista: Pederneiras, Jaú, Barra Mansa, Duartina, Garça, Vera Cruz, Padre Nóbrega, Pompéia, Tupã, Adamantina, Agudos, Bauru e muitas outras cidades.
Aposentou-se por motivos de saúde, porém continuou a trabalhar com moderação. Em junho de 1951, adquiriu uma casa em Jacuba, atualmente, Hortolândia, nas proximidades de Campinas, Estado de São Paulo.
Sempre foi membro ativo nas igrejas que freqüentou atuando como: Diácono, diretor da Escola Sabatina, Diretor Missionário, Diretor dos Jovens, Ancião da Igreja.
Em 1960, mudou-se para Goiânia, capital do Estado de Goiás, permanecendo lá até 1964. Regressou à Hortolândia e em 1970, doou a casa para a Obra, em regime de uso e fruto.
Em 1972, submeteu-se a uma cirurgia no estômago para extrair um tumor maligno. Apesar de os médicos preverem apenas três meses de vida, Melander viveu ainda treze meses. Durante o tempo em que ficou internado no Hospital Adventista São Paulo (HASP), vendeu mais de 100 exemplares do livro "O Grande Conflito". Enquanto no leito, pediu à enfermeira que deixasse a porta do quarto aberta e à hora das visitas chamava os que passavam no corredor e dava Estudos Bíblicos.
Seu hino predileto era "Precioso é Jesus para Mim", nº 320 do hinário "Cantai ao Senhor".
Faleceu no dia 13 de outubro de 1973 aos 86 anos de idade. Está sepultado no cemitério de Campo Grande, em SP.

NOTAS DE RODAPÉ:

(1) – O nome inscrito nos documentos originais de entrada no Brasil é: Hedwig Reichert.
(2) – Todos os seus filhos já faleceram, com exceção de Cleide Melander Costa e Eduardo Melander (jan/2009).
(3) – Adventista do Sétimo Dia.


- Essa biografia foi transcrita da “ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA”, salvo algumas pequenas correções ortográficas realizadas por Eduardo Melander Filho, neto paterno do biografado.

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