terça-feira, 23 de setembro de 2008

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO PIAUÍ CORREM PERIGO

Boqueirão da Toca da Pedra Furada - Parque Serra da Capivara-PI


Urnas funerárias encontradas no Parque Serra da Capivara-PI






Professor Lic. Eduardo Melander Filho


Criado em 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara consiste em 129.140 hectares situados nos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel Dias, todos no estado do Piauí.
Foi explorado a partir de 1970 por uma missão franco-brasileira comandada pela arqueóloga Niéde Guidòn, que, desde então, instalou-se definitivamente na região, fundando o Museu do Homem Americano em 1998, em São Raimundo Nonato-PI.
São 912 sítios arqueológicos localizados em céu aberto, em grutas e em abrigos, que registram a presença humana na região há pelo menos 30.000 anos, podendo chegar a 100.000 anos segundo datações não totalmente confirmadas.
Foram essas antigas populações de caçadores-coletores e agricultores-ceramistas que deixaram milhares de pinturas rupestres desenhadas nas paredes de 657 desses sítios, sendo o mais importante e conhecido o “Boqueirão da Toca da Pedra Furada”, aberto à visitação popular.
Além de toda essa riqueza em termos arqueológicos, o Parque possui ainda grande variedade de fauna e flora, que também são objeto de estudos sistemáticos.
Ossos da megafauna extinta no final do pleistoceno (era glacial) e início do holoceno, também são encontrados até hoje em sítios paleontológicos situados no Parque. São registros fósseis de mastodontes, cavalos americanos, paleolhamas, tigres dente-de-sabre, preguiças e tatus gigantes, animais esses que conviveram com o homem naquela época.
Apesar de ser o único local brasileiro tombado pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade em 1991, o Parque corre sério risco em sua integridade. Durante os dez anos após sua criação, ficou praticamente abandonado por falta de verbas federais. A depredação causada pelas madeireiras ilegais em busca de espécimes nobres e pela própria população da região que praticava a caça predatória e destruía gratuitamente os sítios, arrancando blocos inteiros de pedra contendo desenhos rupestres, quase causou seu fechamento definitivo.
Atualmente a situação melhorou após várias campanhas e cursos dirigidos à população local, parte da qual foi integrada como monitores e guias no próprio parque. No entanto, as verbas federais continuam insuficientes até mesmo para a manutenção preventiva, pois as paredes com desenhos rupestres estão desmoronando pela ação do próprio tempo. Depredações ainda existem, se bem que em menor grau.
A solução para essa situação seria aumentar a arrecadação através do turismo. Porém, a grande distância rodoviária dos grandes centros e a situação das estradas impedem um afluxo maior de pessoas. Políticos e Coronéis também impedem há dezenas de anos a construção de um aeroporto, interessados que estão em manter a população na ignorância e no isolamento.


FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Sítios Arqueológicos do Piauí Correm Perigo. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 set 2008 a 02 out 2008. História, p. 2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Sítios Arqueológicos do Piauí Correm Perigo. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 19 set 2008 a 02 out 2008. P. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/colunadoleitor.html#2>. Acesso em: 23 set 2008.

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