Contexto conjuntural dos finais de 2025
A mudança estrutural de um bem público para o privado, a comoditização, a financeirização e a desagregação dos recursos ambientais, assim como a oposição entre Direitos Humanos X Desenvolvimento, são alguns dos temas que serão discutidos na COP30, a ser realizada em Belém do Pará, com início em 10/10/2025, num contexto de:
1- Mudanças tecnológicas, abrangendo os conceitos de sustentabilidade e de vida saudável;
2- Exploração dos mares e de recursos estratégicos como minerais, animais e vegetais;
3- Mudanças na geopolítica.
A pressão por acesso privilegiado por recursos (ameaças bélicas), até o evento de carnificina do Rio de Janeiro (Brasil alinhado ao crime), indicam o surgimento de um novo colonialismo.
Estamos num momento difícil. A tecnologia e a geopolítica se impõem como uma espécie de destino manifesto de um futuro incerto, como aceitação tácita de um suposto fim da história.
O ambiente é configurado como uma sucessão de crises: do multilateralismo; do meio ambiente; da democracia; por pressões desenvolvimentistas (terras raras).
Novas profissões
O surgimento de novas profissões e também o do fortalecimento do pequeno empresário ou pseudo empresário deve ser discutido sob uma perspectiva da luta de classes.
Novas profissões como o UBER, moto boys e outras significa um retrocesso das conquistas históricas dos trabalhadores, além de se configurar numa abdicação das conquistas sociais, dando uma falsa impressão de liberdade individual que não existe. Produz mais valia em escala, seja como uma atividade suplementar ou atividade principal.
No caso de iniciativas empresariais, maioria dos casos micro empresariais, também reproduzem mais valor de idêntico sentido: seja no exercício de uma função que não é a principal ou seja na atividade de transformação secundária de produtos pré industrializados.
Essa mais valia indireta acontece quando nós usamos um caixa eletrônico e outros similares; era o trabalho exercido pelo antigo caixa bancário.
Nova organização do trabalho
Novas tecnologias como a IA trarão novas ideologias e, consequentemente, nova organização do trabalho a nível mundial, juntamente com a retomada Trumpista do protecionismo contra o livre comércio.
Necro política
Criminoso é o Governador do Estado do Rio de Janeiro Claudio de Castro. A execução de 117 pessoas é de sua responsabilidade e dos órgãos de segurança do Estado. É o ressurgimento da Necropolítica com todos seus aspectos nefastos e hediondos (se é que alguma vez deu trégua nos últimos tempos).
Massacre maior do que o do Carandiru em São Paulo, não foi nada diferente às execuções extra judiciais que aconteceram no litoral do Estado de São Paulo em anos anteriores, quando por volta de uma centena de pessoas foram assassinadas, sob a responsabilidade do governador Tarciso de Freitas e do Secretário de Segurança Pública Derrite.
Além disso, a política de Castro é vergonhosa. No dia 29/10/2025 a CNN informou que a oito meses atrás a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro mandou um relatório aos Estados Unidos, através de seu Consulado no Rio de Janeiro, dizendo que o Comando Vermelho é grupo terrorista com atuação inclusive nos Estados Unidos, com o objetivo de ampliar a cooperação com a Casa Branca e buscar sanções às lideranças do CV pelo Escritório de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro da América. A resposta da Casa Branca surgiu a alguns dias e foi publicada na maioria dos jornais, lamentando a morte dos policiais que participaram do massacre, no número de quatro.
Parece que não basta a traição lesa pátria que os Bolsonaros e os Figueiredos estão cometendo frente ao governo Trump nas sanções contra o Brasil, inclusive pedindo presença de porta aviões no litoral do Rio de Janeiro a fim de intervenção militar. Castro classifica o CV como terrorista, exatamente como Trump classifica os "narcotraficantes" do norte da América do Sul como tal.
Intervenção no norte da América do Sul
Trump e toda sua política de criminalizar movimentos sociais. E internamente faz isso nos Estados Unidos. Mas não vamos abordar esse tema do anticomunismo, que dá justificativa ideológica para os movimentos de extrema direita espalhados pelo mundo, especialmente América Latina, passando agora a ameaçar com intervenção direta. A justificativo disso é classificar o narcotráfico como terrorismo, abrindo assim a possibilidade de intervenção em outros países.
A Revolução Bolivariana liderada pelo Presidente Hugo Chaves implementou o Bolivarianismo, o nacionalismo e economia Estatal, dando sequência à vitória eleitoral de 1998 e aprovação da nova constituição de 1999.
Em 2002 há um golpe de Estado, aprisionando Chaves e instituindo um novo governo sob a liderança de Pedro Carmona. A seguir uma multidão se reúne defronte o palácio de governo exigindo a libertação e recondução de Chaves ao poder. O golpe é derrotado por ação direta da população.
Em 2013 Chaves faleceu em decorrência de um câncer que o afetava a vários anos assumindo Maduro o seu lugar. A partir daí, instala-se no pais uma crise geral, especialmente a crise econômica, tendo como consequência a saída de milhões de pessoas do país.
Em 2024 Maduro supostamente vence as eleições presidenciais, mas não apresenta publicamente e internacionalmente provas dessa vitória e a oposição de extrema direita reclama.
Após Maduro ser classificado como Narcoterrorista pelos americanos uma frota é reunida no mar do Caribe no sentido de intimidar o regime bolivarianista, com sucessivos ataques às embarcações suspeitas de tráfico de drogas, num claro descumprimento de leis internacionais, com execuções sumárias das tripulações dessas embarcações sem o devido processo legal. Esses ataques não se limitaram à Venezuela, mas também à Colômbia de Petro, com acusação semelhante a de Maduro, cujas embarcações tiveram o mesmo destino.
A premiação de Maria Corina com o Prêmio Nobel da Paz, que indica uma total desmoralização da Comissão Premiadora e do Governo da Suécia, somado ao alto custo de manter uma frota formada inclusive pelo maior porta aviões do Estados Unidos indicam claramente grande possibilidade de intervenção no norte da América do Sul.
O Brasil não pode ficar neutro diante dessa crise, chantageado pela possibilidade negociações favoráveis no enfrentamento das taxas comerciais. Os alvos dessa nova política Monroe para a América Latina são claros: Venezuela e Nicarágua, cujo erro histórico foi o de não declarar um regime revolucionário assim que puderam; e Cuba, que declarou a revolução. Mas também países de esquerda: Brasil; Colômbia; Chile; Uruguai..
Guerra na Rússia.
Depois da queda da URSS, a OTAN sucessivamente começa a avançar nos Estados que compuseram a antiga União Soviética, colocando em risco as suas fronteiras. Formação da C.E.I. ( Comunidade de Estados Independentes) com os seguintes países: Armênia; Azerbaijão; Bielorrússia; Cazaquistão; Moldávia; Quirguistão; Tajiquistão; Turcomenistão e Uzbequistão, sob o comando da Rússia.
Em 2008 estoura a guerra da Geórgia, que ataca suas Repúblicas Independentes da Ossétia do Sul e da Abecásia. A Rússia em reação invade a Geórgia, que é derrotada, no aguardo de tropas especiais que estavam atuando no Afeganistão junto aos Estados Unidos.
Entre 2013 e 2014 aconteceu a Revolução Euro Maidam na Ucrânia, principalmente em Kiev, um movimento de extrema direita que exigia uma maior integração com a Europa ao invés da Rússia. Pedindo a deposição do presidente Yanukovych pró Moscou (o que ocorreu de fato), os manifestantes da Praça da Independência (de extrema direita) entraram em confronto com a polícia. Em Odessa 42 manifestantes pró Moscou se refugiaram no prédio dos sindicatos da cidade. Todos morreram pelo incêndio causado pelos manifestantes de extrema direita.
Depois da vitória do maidam, batalhões simpatizantes dos nazistas foram incorporados às forças armadas da Ucrânia e a Rússia invadiu a Criméia, incorporando-a.
A guerra voltou a acontecer em 2022 com a invasão da Ucrânia pela Rússia e o reconhecimento das Republicas do Dombas como independentes. Uma das maiores batalhas da guerra foi o cerco de Mariupol defendida pelo Batalhão Azov, notório grupo simpatizante nazista.
Dois comentários a esse respeito:
1- Os Russos estão em vantagem estratégica e não assinarão um acordo de paz se isso significar a retirada de territórios ocupados;
2- Houve uma revolução em termos táticos na condução da guerra; o surgimento de Drones mudou radicalmente os procedimentos de combate.
O genocídio Palestino
Vou focar apenas na questão dos vinte pontos propostos por Trump como acordo de paz, a partir do status quo territorial de 1967. São eles:
1- Gaza livre de terrorismo;
2- Reconstrução de Gaza
3- Guerra terminará imediatamente. Retirada de Israel, soltura de reféns, suspensão de bombardeios, congelamento das linhas de batalha até retirada completa;
4- libertação de reféns;
5- troca de reféns, 1700 presos palestinos e mais 250 com prisão perpétua;
6- anistia àqueles do Hamas que entregarem armas, saída aos que quiserem do país;
7- ajuda humanitária, reabilitação de hospitais, padarias, etc., reabilitação da infra estrutura (água, luz, etc.);
8- abertura de Rafah, ajuda por meio das Nações Unidas, Cruz Vermelha, etc.;
9- formação de um governo apolítico, comitê Palestino Tecnocrata supervisionado pelo Conselho da Paz composto também pelo Trump e outros chefes de Estado (Toni Blair);
10- plano de desenvolvimento econômico e reconstrução;
11- zona econômica especial;
12- direito de ir e vir, ninguém deixará Gaza;
13- Hamas e outras facções não terão papel na direção de Gaza;
14- parceiros regionais oferecerão garantias para o acordo;
15- formação das ISF (Força Internacional de Estabilização) com garantias do Egito e da Jordânia;
16- Israel não ocupará e nem anexará Gaza (somente uma zona de garantia), entrega progressiva;
17- entrega às ISF das áreas livres de terrorismo, caso recusa do Hamas;
18- diálogo inter-religioso;
19- reforma da Autoridade Palestina, criação de um Estado Palestino;
20- Estados Unidos estabelecerão diálogo entre Israel e Palestinos.
Essa proposta de vinte pontos é difícil de se concretizar. Enumeraremos ponto a ponto pelas propostas:
1- outras organizações porventura continuarão práticas terroristas (Jihad Islâmica);
2- Israel continua bombardeando Gaza;
3- Israel não tem intensão de deixar Gaza desocupada completamente;
6- Hamas não pode se desarmar, pois ficará à mercê de seus inimigos;
12- Israel tampouco respeitará esse item;
13- O Hamas na prática continuará a ter papel na direção de região;
16- Israel tem interesse em ocupar parte de Gaza;
19- trata-se de uma intromissão nos assuntos internos da Autoridade Palestina, que não aceitará.
Assim, muito difícil que esse plano dê certo.
BIBLIOGRAFIA
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FELDBERG, Samuel. Guerras no Oriente Médio-Fim da Utopia?. De 16/09/2025 a 09/10/2025. Várias páginas. Notas de aula. Mimeografado.
GIAVAROTTI, Daniel Manzione. Os Estudos da Periferia à Luz de Duas Derrotas Históricas. De 02/06/2025 a 07/07/2025. Várias páginas. Notas de aula. Mimeografado.
LEONE, Alexandre Gomes. Cultura Judaica na Idade Média-Sefarad. De 06/08/2025 a 05/10/2025. Várias páginas. Notas de aula. Mimeografado.

